Goiás bate recorde de cargas aéreas
A movimentação de cargas e de correios, que saíram ou chegaram a Goiás transportadas pelo modal aéreo, foi recorde no ano passado. Foram 15.264 toneladas de mercadorias, sendo 8.204 toneladas recebidas, um crescimento de 22,38% em relação a 2021, e outras 7.062 toneladas enviadas pelo estado, quantidade 33% maior do que no ano anterior.
Foi a maior movimentação dentro da série histórica, feita desde 2000 pelo Painel CNT de Transporte, da Confederação Nacional de Transporte (CNT). A localização geográfica favorecida, no centro do País, faz com que cada vez mais mercadorias cheguem a Goiás para serem distribuídas para outras regiões.
A DHL Supply Chain, líder global em armazenagem e distribuição, inaugurou recentemente um novo centro de distribuição em Aparecida de Goiânia, com foco na área de medicamento e dispositivos médicos. “Tivemos um aumento de movimentação de cargas aéreas advindas desta expansão e do aquecimento do mercado de saúde”, conta o diretor de Transportes da empresa no Brasil, Luiz Brunherotto.
Segundo ele, a DHL Supply Chain tem considerado cada vez mais o modal aéreo em seu planejamento logístico. “Ele é muito indicado para longas distâncias, para produtos de alto valor agregado e perecíveis, ainda mais quando as marcas podem, por meio de operadores logísticos, consolidar cargas em um mesmo embarque, diluindo custos”, explica o diretor. A empresa transporta medicamentos, vacinas, insumos médicos e hospitalares, eletroeletrônicos e peças de reposição de indústrias, como a automobilística.
“O custo do aéreo é mais elevado em relação ao rodoviário. Mas, se tratando de longas distâncias, tempo de entrega, riscos do transporte terrestre e, principalmente, a qualidade de entrega na ponta, é um investimento que vale a pena em muitos casos”, explica. Por isso, o uso do modal aéreo cresce para atender a demanda do consumidor por entregas mais ágeis e dar mais flexibilidade e resiliência as cadeias de suprimentos.
Integração
A DHL Supply Chain conta, por exemplo, com um hub aéreo exclusivo no Aeroporto de Guarulhos, eme São Paulo, que tem acesso direto à pista de pouso, um dos diferenciais na movimentação de carga no País. Mas, para Brunherotto, a aplicação e integração de diferentes modais é um caminho importante para aumentar a eficiência logística no Brasil. Por isso, expandir a malha ferroviária também pode trazer oportunidades, principalmente em relação aos custos envolvidos.
O empresário Euclides Duarte, proprietário da Nora Transportes, agente de cargas com várias representações no País, trabalha com logística emergencial, com foco desde peças para indústrias até medicamentos. Ele conta que a procura pelo modal aéreo voltou a crescer após a pandemia, período em que houve um aumento do transporte rodoviário.
Mas, desde 2021, a preferência pelo transporte aéreo aumentou cerca de 30% na modalidade expressa das companhias aéreas. “O emergencial é uma prioridade onde o caminhão não consegue chegar com o mesmo prazo”, destaca.
O aumento na movimentação de cargas aéreas no ano passado ocorreu em todo País, pois o Brasil também registrou o maior volume de sua história: 1,4 milhão de toneladas. Para o professor coordenador do Curso de Ciências Aeronáuticas da PUC Goiás, Salmen Chaquip Bukzem, o modal aéreo é o que mais cresce.
E, para ele, um dos motivos é que ninguém mais quer fazer uma compra pela internet e esperar muitos dias para receber o produto adquirido. “A pessoa compra um produto hoje e já quer que chegue amanhã”, afirma Bukzem.
“O Mercado Livre e outras grandes empresas do ramo, principalmente de outros países, só são viáveis se houver um modal aéreo”, destaca o professor, Segundo ele, este crescimento também se deve à própria expansão do modal aéreo, inclusive para muitas cidades do interior, que antes não tinham acesso a ele.
Interiorização
“Antes, só existiam aviões airbus voando de capital para capital. Porém, mais empresas passaram a investir na aviação regional, com aeronaves menores e de menor custo operacional, que pousam em aeroportos menores levando mercadorias”, explica Bukzem.
Além disso, vários aeroportos pelo interior do estado foram federalizados, o que trouxe uma administração mais eficiente e segurança para a aviação. O professor lembra que, hoje, encomendas dos Correios e malotes de bancos já são transportados pelo modal aéreo.
Só não vai de avião o que é muito pesado ou tem muito volume, como é o caso das commodities. “Qualquer coisa mais cara é transportada por avião. Essa é uma tendência irreversível. Foi o mesmo que aconteceu com o transporte de passageiros, pois ninguém quer ficar muitos dias dentro de um ônibus”, ressalta Bukzem.
O custo do modal aéreo, bem maior que o rodoviário, é compensado pela ausência de gastos com segurança durante o transporte das mercadorias. “Transportar uma carga mais valiosa com segurança pela via terrestre exige, muitas vezes, uma escolta armada, por conta das muitas horas de exposição ao risco de roubo, o que implica em custos adicionais”, lembra o professor de Ciências Aeronáuticas.
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